O Remo na Série A. O Paysandu na C. A Almirante Barroso e a Imensa Distância

 


A rivalidade entre Clube do Remo e Paysandu tem a narrativa daquelas famílias dos livros e peças de Nelson Rodrigues. Inveja, traição, ódio e mágoas diversas; primos, irmãos, tias e cunhados em entreveros sem fim há décadas. Não há almoço de domingo sem rusgas e alfinetadas. Nem no dia do Círio de Nazaré! E não há bandeira branca à vista. A situação se agrava assim como a distância entre os dois clubes. Em especial depois dos jogos de domingo (23), quando o Remo ascendeu merecidamente à Série A e o Paysandu encerrou a vergonhosa campanha na B, na última colocação da tabela. Estar na Série A pode dar ao Clube do Remo uma receita de cerca de 100 milhões de reais no próximo ano, uma Mega-Sena que em muito ampliará a capacidade do CR de manter-se competitivo no mercado estelar que a série A proporciona…

Historicamente, Paysandu e Remo são os mais fortes representantes do futebol do Norte do país e não há competidores diretos nas demais capitais amazônicas. O Amazonas, de Manaus, foi um sopro ancorado por investidores pontuais para trazer de volta algum protagonismo ao futebol da capital manauara. Mas está de volta à C. Na Copa Verde, competição que reúne em sua maioria clubes das regiões Norte e Centro-Oeste, o predomínio absoluto é dos paraenses.

Mas a partir da gestão do futebol dos dois clubes este ano, comparando o que se viu em lados opostos da Avenida Almirante Barroso, onde Clube do Remo e Paysandu tem seus estádios. Ou ainda, no quarteirão e na mesma calçada que separa as sedes sociais dos rivais na Avenida Nazaré, no bairro de mesmo nome, a distância entre eles apavora aquilo que a geografia confirma. No Delta do Amazonas, durante o período de cheia do rio, a distância entre as margens pode chegar a 50km uma da outra. Um absurdo que encanta e desafia cientistas e estudiosos do mundo todo."A perder de vista" é a expressão da realidade entre Remo e Paysandu. Da gestão à ousadia, do planejamento à funcionalidade dos elencos e comissões técnicas. O Clube do Remo desafiou o futuro. O Paysandu assentou-se no presente.

Por Antonio Carlos Salles

Comentários