A Margem equatorial. O Galeão. Belém. Macapá. O Alinhamento dos Planetas


 

O Antagônico publica abaixo um interessante artigo do jornalista Wagner Victer, sobre a malha aérea Rio-Belém-Macapá. Leia o texto abaixo:

Nova rota Rio–Belém–Macapá nasce como efeito indireto da exploração na Margem Equatorial e reforça o Galeão como hub estratégico da Amazônia.

O desenvolvimento econômico fruto da sinergia de ações muitas vezes sequer é percebido, em especial quando um conjunto de ganhos surge como consequências indiretas. Nós, os engenheiros, aprendemos uma expressão já no início da faculdade, quando nas aulas de Cálculo I escutamos pela primeira vez a frase “Derivada Segunda” e que começamos a usar ao longo da vida para explicar consequências de uma equação, não matemática, mas no cotidiano.

A introdução confusa se mistura ainda mais quando vemos o título desse artigo com temas aparentemente desconexos que se alinham somente em uma situação da órbita de planetas que, na prática, não são ocasionais, mas que conseguem uma explicação na astronomia. Indo da introdução à conclusão, no dia 01 de dezembro será realizado pela Gol Linhas Aéreas o voo inaugural às 8:30 hs, saindo do Galeão e partindo para Macapá, com uma escala em Belém e, sem trocar de aparelho, chegando em Macapá às 13:45 horas e retornando, durante os 7 dias da semana, diariamente de Macapá às 15:30 horas rumo ao Rio, chegando aqui às 20:45 hs.

Esse quase “ponto a ponto” que elimina demoradas escalas em outros aeroportos do interior do país, com troca de aeronaves, é mais que um achado que se alinha ao processo de revitalização do aeroporto do Galeão, que aliás me orgulho de ter participado de forma pioneira em sua mobilização, mas certamente já é uma “Derivada Segunda” das atividades de exploração de petróleo da Margem Equatorial brasileira no litoral da cidade do Amapá iniciadas pela Petrobras.

Para contar um pouco dessa rápida história, a convergência desses planetas surgiu quando, na comitiva do Governo do Amapá ao evento Off-shore Technology Conference (OTC), em maio desse ano, em Houston, nos EUA, fizemos uma rápida reunião entre a Presidente da Petrobras, Magda Chambriard, a Diretora de Exploração e Produção, Sylvia Anjos, o Presidente do Sebrae Amapá, Josiel Alcolumbre, e o CFO do Grupo NOA, Artur Costa, concessionária que opera os aeroportos de Macapá e Belém (além de 30 outros aeroportos no Brasil), discutimos a necessidade da existência de uma rota permanente que suportasse essa crescente relação da indústria do petróleo naquela região, em função da Licença Ambiental para as atividades de perfuração exploratória que na ocasião se avizinhavam. O que nos preocupava é que, na ocasião, os estudos sinalizavam que essas rotas poderiam partir de outras localidades, em outros Estados, não capturando esses ganhos em potenciais que esperamos que sejam crescentes diante de um eventual sucesso exploratório. As conversas que, na hora, promovemos pelo telefone com o Alexandre Monteiro, Presidente da operadora Rio Galeão, levariam a essa convergência de decisão da Cia Aérea, aliás ajudando a consolidar o Galeão como HUB para a região Amazônica.

Muitas vezes o estopim para alavancar uma onda econômica com essa potencial nova fronteira apresenta externalidades muito além de atividades petrolíferas, pois esse maior conforto certamente contribuirá muito para o turismo integrado entre essas três capitais que são Rio, Macapá e, em especial, Belém, que aliás ganhou destaque com a recente realização da COP30. Com essas rotas, fazer não só negócios, mas em especial o turismo para essas regiões ficou muito mais fácil, agradável, e isso gerará milhares de empresas nessa externalização de serviços.

Por sua vez, de forma hábil, o Governador do Estado do Amapá, Clécio Luís, organiza, coincidindo com a chegada do voo no mesmo dia, o evento “Welcome Amapá” para colocar as oportunidades de negócio que derivarão dessa nova atividade que surge. O fato é que, com a ação catalisadora das atividades da indústria do petróleo e da busca de sinergia que conseguimos entre a Petrobras, NOA, GOL, Rio Galeão e o Governo do Amapá, conseguimos criar uma nova “Rota do Petróleo” que irá muito além do maior conforto e agilidade para quem for na Margem Equatorial, mas um alinhamento de diversas outras externalidades econômicas que vão estreitar essas três capitais e contribuir para gerar milhares de novos empregos em outras atividades nessas regiões: uma “Derivada Segunda” de muito sucesso.

Wagner Victer

Wagner Victer é Engenheiro, Administrador, Jornalista, morador da Ilha do Governador

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