O Clã Coelho. Os Mandados de Segurança. A Brisan. A J R Limpeza. A Jogada Ensaiada. As Investidas e as Derrotas
Olha só essa história: o clã Coelho, de notória influência empresarial e política, está usando duas empresas do mesmo grupo para tentar barrar uma licitação em Belém. A justiça já indeferiu duas investidas. Documentos obtidos por O Antagônico revelam que Brisan s JR Limpeza ingressaram com dois mandados de Segurança consecutivos, ambos negados, numa ofensiva para tumultuar processo licitatório. Ressalte-se que O TCE-PA e MPPA já investigam formação de grupo econômico familiar comandado por Gabriela, Adriano e João Paulo Coelho.
As decisões judiciais expõem a tentativa coordenada do grupo político-familiar dos Coelho de paralisar uma licitação municipal em Belém. A ofensiva começou com a Brisan, administrada por Gabriela Almeida Coelho, esposa do deputado estadual Adriano Coelho (PL); e prosseguiu com a JR Limpeza, controlada pela irmã do parlamentar. Os documentos mostram que o objetivo não era defender a legalidade, mas sim atrasar o processo e criar pressão política.
A primeira investida partiu da empresa Brisan Comércio e Serviços, de Gabriela Almeida Coelho. Mesmo sem ter participado da licitação, a empresa decidiu ingressar com um mandado de segurança alegando supostas irregularidades. A justiça, no entanto, apontou falhas graves: ausência de parte essencial no polo passivo, valor da causa subestimado e recolhimento incorreto de custas. A juíza determinou a correção da petição sob pena de indeferimento, deixando evidente que a empresa não tinha legitimidade para discutir a legitimidade de um processo do qual sequer participou.
E as investidas continuaram. Após o fracasso da Brisan, foi a vez da JR Limpeza, controlada por Adryane Coelho, repetir a dose, e também ser barrada. No Mandado de Segurança nº 0897975-21.2025.8.14.0301, registrado em 18/11/2025, a JR Limpeza alegou ter sido prejudicada no processo administrativo. Mas, novamente, o judiciário foi claro: faltava direito líquido e certo. O pedido de liminar foi indeferido, e o processo seguiu sem qualquer suspensão.
Com as duas derrotas, revelou-se um padrão nada republicano: quando uma empresa não consegue travar o certame, outra assume o ataque, sempre dentro do mesmo círculo familiar. As tentativas de judicialização feitas por Brisan e JR Limpeza não são casos isolados. Elas se somam a um conjunto robusto de indícios reunidos pelo Tribunal de Contas do Estado do Pará, que já apura a existência de um grupo econômico familiar comandado pelos Coelho para atuar de forma coordenada em licitações públicas.
Documentos obtidos pela reportagem mostram que as empresas Marco Coelho Serviços, JR Limpeza e Conservação e outras ligadas ao grupo, compartilham endereço, estrutura física e até o mesmo e-mail, alterando apenas o domínio, para dar aparência de autonomia. As imagens anexadas ao processo mostram que ambas funcionam na mesma fachada, no mesmo imóvel.
E não é só isso: documentos mostram que Adryane Coelho, da JR Limpeza, é filha de Marco Antônio de Souza Coelho, administrador da Marco Coelho Serviços, ambas as empresas estão registradas no mesmo endereço residencial. A sobreposição de vínculos societários, familiares e operacionais é explícita. Ao que parece, os membros do clã ignoram a jurisprudência do Tribunal de Contas da União, que considera fraude participar de licitações com empresas distintas que, na prática, pertencem ao mesmo grupo e compartilham direção, estrutura e capacidade operacional.
Os documentos classificam a prática como potencial violação ao caráter competitivo e risco de “frustração da isonomia do certame”. O Ministério Público do Pará, por sua vez, já abriu procedimentos para investigar formalmente as empresas envolvidas, enviando ofícios que exigem explicações detalhadas sobre seus vínculos societários, contratos e participação em pregões públicos.
Com a entrada da Brisan, administrada por Gabriela Almeida Coelho, esposa do deputado Adriano Coelho, o quadro se completa: pai, filhos, irmã e cônjuge operando CNPJs distintos em certames públicos, agora reforçados pela tentativa coordenada de barrar judicialmente uma licitação municipal. Trata-se, caros leitores, de deslavada tentativa de vencer na força, não na concorrência.
A repetição dos mandados de segurança, ambos frágeis e baseados em argumentos genéricos, revela uma estratégia evidente: não se busca garantir a legalidade do processo, mas sim desestabilizá-lo, ganhar tempo, produzir barulho político e tentar impor resultados na pressão e “no grito”, já que não foram alcançados pela via competitiva. Enquanto essas manobras judiciais se multiplicam, Belém corre o risco de enfrentar atrasos na contratação de serviços essenciais, como a limpeza da rede escolar.
A própria magistratura destacou a relevância social da continuidade do certame, alertando que qualquer suspensão poderia comprometer a rotina e a segurança sanitária das escolas municipais. Com duas derrotas judiciais consecutivas e indícios claros de coordenação familiar nas ofensivas contra o processo licitatório, o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a própria justiça estão “de orelha em pé”, todos atentos para as próximas investidas “nada republicanas”, que dificilmente passarão despercebidas.
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